O Cardeal D. José Tolentino Mendonça aproveitou, hoje, o Ato Solene de atribuição da Medalha de Mérito da Região Autónoma da Madeira, para pedir um reforço da qualidade da Educação.
“Eu que conclui nesta ilha a escola primária e os estudos secundários, peço-vos uma especial atenção à causa da Educação. Que a Educação seja assumida como um desígnio transversal e coletivo. O regime democrático universalizou o ensino e isso é um bem, mas enfrentamos agora o desafio da qualidade. Tudo o que se puder fazer para qualificar o nosso ensino, do pré-primário ao universitário, reforçando as potencialidades das nossas escolas, investindo na formação das pessoas e fortalecendo as instituições de cultura, seja uma prioridade. Que as novas gerações aqui nascidas possam estar competentemente preparadas para responder aos exigentes desafios da época em que vão viver”, solicitou o prelado madeirense que agora faz parte do Colégio Cardinalício.
“Quando olho para a minha história pessoal, sei que não seria a mesma pessoa sem os professores que tive, sem as oportunidades formativas que me foram dadas, sem os livros que li, sem as experiências de estudo no estrangeiro, sem a cultura que em mim se sedimentou no tempo. Ora, a sociedade precisa que os percursos de excelência, traduzidos nos mais diversos âmbitos da vida, não sejam uma exceção, mas um possível que se concretiza muitas vezes. O nosso maior recurso é sempre o humano. Não o podemos esquecer.” Vincou D. Tolentino Mendonça.
O Cardeal que é natural de Machico, alertou ainda para a importância de medidas que defendam a natureza. “A floresta Laurissilva, as levadas, os picos, as encumeadas, as baías, os túneis, as fajãs são a possibilidade de um acesso deslumbrado a um mundo originário. Mas a ilha que nos sonha precisa de ser protegida e cuidada. Porque a ilha é também frágil, é um corpo vulnerável, agredido pelos desequilíbrios, exposto à devastação. O apelo a uma consciência ecológica mais ativa está hoje, como sabemos, na ordem do dia. E como exorta o Papa Francisco na encíclica Laudato Si, não devemos considerar a natureza como algo separado de nós ou como uma mera moldura da nossa vida. Estamos incluídos nela, somos parte dela e compenetramo-nos. É por isso fundamental buscar soluções integradas, que considerem as interações dos sistemas naturais entre si com os sistemas sociais. Não há duas realidades separadas, uma ambiental e outra social, mas uma única e complexa realidade socioambiental”, justificou o cardeal, no segundo apelo feito perante as mais altas entidades da Madeira.
A atribuição da Medalha de Mérito pelo parlamento madeirense é o reconhecimento do percurso de vida do Cardeal, poeta e professor, nascido em dezembro de 1965, em Machico. José Tolentino Mendonça, de 54 anos, é o segundo membro mais jovem do Colégio Cardinalício, após o cardeal de Bangui (República Centro-Africana), Dieudonné Nzapalainga, de 52 anos. É autor de numerosos livros pelos quais ficou conhecido nos mais diversos quadrantes sociais. O madeirense, arquivista do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, iniciou os estudos em Teologia em 1982 e foi ordenado padre em 1990. Estudou Ciências Bíblicas em Roma e foi professor e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, a instituição onde fez o doutoramento em Teologia Bíblica.
Tolentino Mendonça recebeu a mais alto galardão da Região “com a humilde consciência de que tantos outros nossos concidadãos provavelmente a mereciam”.
“Sei que a dívida de gratidão está sobretudo do meu lado. Eu é que sou devedor. E esta condecoração que hoje me entregam só reforça dentro de mim esta evidência”, afirmou o Cardeal.
A medalha de mérito da Região Autónoma da Madeira, atribuída pela a Assembleia Legislativa da Madeira, destina-se a galardoar as entidades singulares ou coletivas, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, em vida ou a título póstumo, que tenham prestado assinaláveis serviços à Região ou que, por qualquer outro motivo, a Região entenda dever distinguir.
Ato Solene de Atribuição da Medalha de Mérito da RAM ao Cardeal Tolentino Mendonça 23.12.2019