O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, participou na apresentação de um estudo realizado pelo Instituto Português de Mediação Familiar e pela Universidade da Madeira que revela que a pandemia teve impacto significativo na organização das famílias madeirenses. 56,6% das famílias revelaram um funcionamento equilibrado, enquanto 43,8% correm risco. Os agregados familiares mais velhos foram aqueles que mais sentiram dificuldades com o confinamento, derivadas do isolamento e do distanciamento social.
A investigação, “Famílias & Confinamento Social”, baseou-se em inquéritos online, por amostra de conveniência, aplicados a pessoas entre os 18 e os 67 anos, em Portugal continental e nas ilhas. Responderam ao questionário, nacional, 479 pessoas residentes na Madeira (362 Mulheres e 117 homens), que representam 48% do universo em estudo.
Para 36% dos madeirenses inquiridos a situação financeira piorou com a pandemia, sendo que as famílias com filhos revelaram estar mais coesas e equilibradas. Ficou também provado que quanto mais dias de confinamento pior foi o funcionamento das famílias.
Entre os aspetos positivos, os inquiridos na Madeira apontam “o tempo que tiveram para si”, a “união e a entreajuda” e o “desenvolvimento de novas capacidades”.
A investigação revelou também que o teletrabalho teve impactos positivos no relacionamento familiar, uma vez que aproximou as pessoas do lar.
O estudo foi coordenado pelas investigadoras Maria João Beja, docente da Universidade da Madeira, e Luísa Santos, docente de enfermagem e presidente do Instituto Português de Mediação Familiar do Funchal. A investigação, realizada entre maio e junho de 2020, teve por objetivo compreender melhor as famílias em época de pandemia e reforçar os mecanismos de suporte à família.
O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira pediu a continuidade da investigação, no final da pandemia, para “que se possa ter a noção do impacto real da crise pandémica na sociedade”. Perante a redução drástica da natalidade, José Manuel Rodrigues diz que os próximos desafios sociais passam por “tentar renovar gerações” e por “coragem política de tomar medidas eficazes” para a inversão deste “inverno demográfico”. O Presidente do parlamento madeirense apelou ainda a uma reflexão profunda sobre a sustentabilidade da Segurança Social.
Isabel Dias, magistrada coordenadora do Ministério Público na Madeira, adiantou que, durante o confinamento, os casos de violência doméstica baixaram na Região. “Houve menos crimes de violência doméstica participados na Madeira, muito mais durante a primeira parte do confinamento”, vincou. “Será que as pessoas se passaram a dar melhor ou que o medo aumentou?”, questionou a magistrada neste webinar promovido pelo Instituto Português de Mediação Familiar do Funchal.
A Secretária Regional de Inclusão Social e da Cidadania reconhece que a pandemia teve um impacto grande em termos sociais e económicos na vida de todos os madeirenses, tendo o Governo Regional acudido com medidas extraordinárias, sendo este estudo mais um instrumento fundamental para compreender a família, “porque mais informação ajuda sempre numa melhor decisão”, afirmou. Augusta Aguiar adiantou também que por força da pandemia o Governo madeirense está a trabalhar na reestruturação do Plano Regional para a Família e Intervenção Social.
João Correia, da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas, pede um plano nacional para a família, à semelhança do regional, para que os apoios “não cheguem apenas quando há crise”, e de forma a incentivar o aumento da natalidade e travar o envelhecimento do país.
O debate, moderado pelo docente e investigador Paulo Milheiro, aconteceu por videoconferência no Dia Internacional da Família, assinalado este sábado.
Webinar Famílias & Confinamento Social (vídeo)
Webinar Famílias e Confinamento Social (áudio)