A religiosa madeirense Maria Zélia Pinto, que trabalha no Centro de Acolhimento João Bosco dos Santos “Centro Mbembua”, em Angola, gostava de ver concretizado um acordo de destacamento de professores para a aquele país africano. A instituição, da província de Cuando-Cubando, dá apoio a cerca de 40 rapazes, com idades compreendidas entre os 6 anos e os 24 anos, a maioria destas crianças e jovens foi abandonada pelas famílias.
“É uma missão que a Congregação Franciscana de Nossa Senhora das Vitórias integrou na sua obra de bem-fazer, em 2015”, explicou Zélia Pinto, no final de uma audiência com o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.
José Manuel Rodrigues quis inteirar-se do projeto que está a ser realizado em Angola e das dificuldades destas missionárias que trabalham em prol das crianças e dos jovens mais carenciados.
Zélia Pinto começou por chamar a atenção para as necessidades da área da educação. “Há muita criança fora do sistema de ensino, há dificuldades de uma educação integral e de uma didática adequada para que em menos tempo se possa aprender o que é necessário”. Por isso a religiosa gostaria de ver consagrada a possibilidade de destacamento de professores madeirenses que pretendam associar-se ao projeto, ajudando a formar pessoas “livres, responsáveis e amantes do bem-comum”.
“É com dor que vejo fechar escolas aqui na Região e no lugar onde eu estou há muitas crianças que não têm acesso ao sistema de ensino, e a partilha, aqui, será uma mais valia”, reforçou. Seria “uma cooperação estruturada, onde quem vai sente que não é beliscado na sua doação e quem recebe, também, recebe alguém com qualidade”, referiu a missionária, não recusando o voluntariado, mas preferindo “um destacamento de pessoas com perfil, porque as exigências são grandes e é preciso ter um equilíbrio emocional forte”.
Outro dos setores a desenvolver é a agricultura, pois a instituição tem uma grande área de terreno que “já teve pomares, lagoas onde se criavam peixes, e espaços onde se produzia vários alimentos. Neste momento ainda não conseguimos rentabilizar este património”, mantendo, no entanto, a esperança de “parceiras”, também no setor agrícola.
Maria Zélia Pinto é natural de Machico. Trabalha em Angola desde 2009, “a reconstruir personalidades, porque a miséria deixa sequelas”, afirmou.
As áreas do ensino, da agricultura e do turismo são as menos desenvolvidas nesta região do sul de Angola.
Irmã Maria Zélia Pinto 22FEV2022 (áudio)