À Madeira já chegaram cerca de 280 ucranianos, fugidos da guerra, confirmou a representante na Região da Associação dos Ucranianos em Portugal, na audiência desta manhã com o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira. “Temos tido alguma dificuldade no alojamento, mas estamos a tentar ajudar todos”, confirmou Valentyna Chan. Quem quiser ajudar os cidadãos ucranianos com habitação deverá “registar-se na Secretaria Regional da Inclusão Social e Cidadania”, onde irá preencher um formulário, mencionando a tipologia da residência e a sua localização.
Na Madeira decorre uma campanha de recolha de donativos que estão a ser enviados para a Ucrânia. Bens alimentares e medicamentos são os produtos mais necessitados. “Não é preciso mais de roupa, até porque em tempos de guerra não mudamos de roupa constantemente”, disse a representante da Associação.
Os produtos recolhidos seguem da “Madeira para Lisboa, e daí para a fronteira da Polónia, onde estão abertos corredores para a Ucrânia. Os contentores têm espaço limitado e por isso tentamos aproveitar o espaço apenas com os produtos estritamente necessários”. Cada viagem com ajuda humanitária de camião, entre Portugal e a Ucrânia, custa cerca de 7 mil euros. “Engloba gasóleo, coletes prova bala, alimentação e descanso dos voluntários”, explicou Valentyna Chan. O transporte entre a Madeira e Lisboa é suportado pelo Grupo Sousa.
Antes da guerra, na Madeira viviam entre 200 a 300 ucranianos.
Valentyna Chan nasceu em Kiev é filha de um casal vítima da guerra. “O meu pai foi um refugiado da guerra do Vietnam e a minha mãe nasceu em plena 2.ª Guerra Mundial e não conheceu os pais, devido à guerra”, revelou aos jornalistas. “Na minha casa sabe-se muito bem o que é a guerra”. Aos 18 anos, em 1997, veio para a Madeira como atleta profissional de ténis de mesa. Fez o curso de biologia, na Universidade da Madeira, e é na Região que trabalha.
O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira quis saber como estava a decorrer a operação de solidariedade, centrada no Centro de Logística da Cancela – Logislink Madeira, onde trabalham muitos voluntários. Manifestou toda a disponibilidade do Parlamento para ajudar a Associação dos Ucranianos em Portugal, “dentro das nossas competências e deveres”, disse José Manuel Rodrigues.
Simbolicamente, o Presidente do primeiro órgão de governo próprio entregou o voto de protesto aprovado no Parlamento madeirense, a 24 de fevereiro, no primeiro dia da guerra, onde a Assembleia Legislativa da Madeira manifestou um “veemente protesto contra a invasão da Ucrânia por decisão dos líderes da Rússia numa clara violação do Direito Internacional e das convenções da ONU”, Organização das Nações Unidas. O “Parlamento da Madeira apela à cessação desta guerra que constitui uma ameaça real à segurança europeia e mundial, e manifesta a sua solidariedade ao povo da Ucrânia”, concluiu o protesto aprovado com os votos dos deputados madeirenses, à exceção do deputado do PCP que votou contra.
Valentyna Chan (áudio)