Diana Freitas vence Prémio +Valor Madeira

A Assembleia Legislativa da Madeira atribuiu, hoje, o “Prémio +Valor Madeira” a Diana Mónica Lima de Freitas, Mestre em Serviço Social. A distinção teve em conta o trabalho final de mestrado intitulado “Gestão de Equipas de Rua para Pessoas em Situação de Sem-Abrigo - O Caso da Região Autónoma da Madeira”.

O Prémio, de 5.000,00€, foi criado em fevereiro do ano passado pelo Parlamento madeirense e é atribuído todos os anos com a finalidade reconhecer o mérito de trabalhos realizados em contexto académico, ao nível de teses de doutoramento e de correspondentes trabalhos de mestrado, bem como, ainda, de artigos científicos publicados em revistas especializadas, que se distingam, designadamente, pela qualidade, criatividade e inovação, em áreas que envolvam interesse para a Região Autónoma da Madeira e potencial aplicabilidade no arquipélago.

Diana Freitas explicou que se tratou de “um trabalho de investigação muito árduo”, numa “área que merece toda a nossa atenção”. Desde 2016 até este mês, a investigadora fez parte de uma das equipas de rua que acompanha os sem-abrigo na Madeira. Aos dirigentes políticos “pediu que tenham em conta todas as áreas de intervenção, porque as equipas sem respostas não conseguem dar continuidade ao seu trabalho”.

O júri do concurso deste ano foi constituído por Conceição Estudante, antiga Secretária Regional, por Elsa Fernandes, Professora da Universidade da Madeira e por António Almeida, também Professor da Universidade da Madeira.

Conceição Estudante, presidente do júri, destacou que o “trabalho investigou um problema que tem uma grande atualidade e uma grande preocupação social por parte da nossa comunidade”. Oferece “contributos para novas intervenções na vertente da reintegração social sustentada”, garantiu.

Entre os vários trabalhos a concurso este destacou-se pela “elevada qualidade”, por ser “facilitador da compreensão da complexa problemática da questão das pessoas sem-abrigo, que é simultaneamente social, de saúde e que tem impactos económicos negativos, evidentes, para a nossa comunidade. O trabalho, também, aponta caminhos para delinear novas estratégias de atuação ao nível das pessoas em situação de sem-abrigo e dos técnicos com responsabilidade no seu acompanhamento”, vincou a antiga governante.

Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira alerta para agravamento da crise económica e social

O Presidente do Parlamento madeirense enalteceu o trabalho vencedor que “não só faz o diagnóstico das pessoas em contexto de sem-abrigo na Madeira, como lança pistas e terapias para que se possa reduzir e inverter este problema que assola a Região, em particular a cidade do Funchal”.

“Este prémio é pelo estudo científico e pelo trabalho que a próprio Diana Freitas desenvolveu durante alguns anos na rua, em favor das pessoas sem-abrigo”, vincou José Manuel Rodrigues, ressalvando que a investigação vem num momento em que se verifica um agravar do problema na cidade do Funchal. “São pessoas que precisam de um projeto de vida. Não basta dar uma casa ao sem-abrigo. É necessário recuperá-lo das dependências, como o alcoolismo e as drogas, dar-lhe autonomia, reinseri-lo no seu familiar e social, e dar-lhe emprego e meios de subsistência para que essa reinserção não falhe”, frisou.

O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira manifestou-se ainda preocupado com a crise que pode marcar o próximo ano. “Esta mistura explosiva entre estagnação económica, inflação alta e subidas das taxas de juro, é altamente lesiva dos rendimentos das famílias e poderá ter consequências sociais graves”, alertou.

“Todos nós sabemos que as crises geram novos tipos de pobreza. É por isso que os órgãos de governo próprio da Região e o Estado têm que estar atentos à situação que Portugal e a Região Autónoma da Madeira estão a atravessar”.

José Manuel Rodrigues manifestou, ainda, inquietação com a pobreza. “Não é aceitável que numa economia social de mercado, como é a nossa, os cidadãos trabalhem e depois, ao fim do mês, o que recebem de salário não dá para pagar as suas despesas. Podemos estar a assistir ao empobrecimento da classe média que não é nada bom para a nossa paz social”, alertou.

No Dia Internacional do Voluntariado o Presidente do Parlamento madeirense saudou e agradeceu o trabalho de “centenas de madeirenses que diariamente prescindem de muito do seu tempo para ajudarem o seu semelhante”.