Reitor do Pontifício Colégio Português diz que é preciso estarmos atentos à dimensão dos bens culturais da igreja

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O padre Estevão Fernandes chamou, hoje, a atenção para a importância da “dimensão dos bens culturais da igreja”. “Não é só arte, também tem livros, tem património edificado e não é só cuidar deles, mas é perceber como é que podemos valorizá-los, não só no sentido catequético, mas também no sentido...

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Reitor do Pontifício Colégio Português diz que é preciso estarmos atentos à dimensão dos bens culturais da igreja
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O padre Estevão Fernandes chamou, hoje, a atenção para a importância da “dimensão dos bens culturais da igreja”. “Não é só arte, também tem livros, tem património edificado e não é só cuidar deles, mas é perceber como é que podemos valorizá-los, não só no sentido catequético, mas também no sentido humanístico, vincou o sacerdote no programa “Madeira Novos Talentos + Futuro”, numa entrevista conduzida pelo Presidente do parlamento madeirense, José Manuel Rodrigues.

“Os bens culturais nasceram para serem expressão da fé, mas sendo expressão da fé, a fé não é etérea (volátil), a fé é concreta e diz respeito à vida dos homens e das mulheres.

Foi para Roma estudar, em 2017, para aprofundar conhecimentos em bens culturais da igreja e acabou por ser nomeado reitor do pontifício Colégio Português. Estêvão Fernandes deu a conhecer a tese de mestrado, que teve como temática a iconografia madeirense, que é "de esperança". Abordou a escatologia ('realidades' que vêm depois da morte), percebeu que, na Região, "há representações, de facto, da missa de São Gregório, da Oração pelas Almas, há representações do Céu, do Arcanjo Miguel, mas não há uma única representação de condenação". Com isto, concluiu que "toda a iconografia que temos, é de esperança, que nos leva a uma atitude não de medo e condenação, mas em que a esperança é o verdadeiro motor que nos faz caminhar e isso foi uma descoberta muito particular e partilhada na Universidade Gregoriana. Não encontramos uma única imagem do inferno", revelou.

Neste sentido, Estêvão Fernandes reforça que "o dinamismo da esperança está enraizado naquilo que é a nossa entidade insular". Constatação esta que levou José Manuel Rodrigues a sublinhar "a paixão", com que o padre fala da matéria.

Questionado, por José Manuel Rodrigues, sobre a possibilidade de, no futuro, leigos poderem fazer formação clérica, Estévão Fernandes respondeu que "não me escandaliza nada que a Igreja possa no futuro confiar em leigos para fazer uma formação superior".

Se tal acontecesse, "deixaria de ser uma formação clericalista e passaria a ser aberta, que aposta na competência de leigos e investe em leigos para serem ‘protagonistas’ da evangelização", expressa o sacerdote.

"Creio que para lá caminhamos", revelou, tendo em consideração que esta é já uma realidade na Alemanha.

José Manuel Rodrigues questionou o jovem padre, Estevão Fernandes, sobre a diminuição da prática religiosa, ao que o sacerdote respondeu que "a matriz daquilo que é a vida cristã não se mede só pela prática sacramental".

"A prática sacramental é importante, mas não pode ser a única grelha de leitura da vida cristã, é preciso ir mais longe", considera Estevão, acrescentando que é necessário "ir além e perceber como é que a fé se espelha em coisas muito simples do quotidiano".

O sacerdote relembrou, ainda, que a diminuição de seminaristas é uma realidade que acontece sobretudo na Europa. "Quando falamos em crise de vocação falamos na Europa. Vamos para a Coreia do Sul e tem só 10% de católicos, mas há 30 ordenações por ano, em Seul. A crise de vocações é localizada na Europa, porque está em expansão na Ásia e na América Latina", explicou.

Chegou ao fim a edição de hoje do 'Madeira Novos Talentos + Futuro', na qual acompanhamos o percurso e história do padre Estevão Fernandes.

O jovem sacerdote, que desde cedo começou a trabalhar para pagar os seus estudos clérigos, despediu-se do entrevistador, José Manuel Rodrigues, emocionado, afirmando que "o trabalho não envergonha ninguém", antes pelo contrário, "capacita-nos para várias dimensões e se calhar a providencia de Deus construiu assim a minha história”.

Terminada mais uma conversa com um dos jovens talentos madeirenses, num projeto que surge da parceria entre o JM e a ALRAM, em breve daremos a conhecer outros dois novos talentos que se irão juntar ao leque de entrevistados.

  

ALRAM com JM

Entrevista Padre Estevão Fernandes (vídeo)
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