Madeira aposta na robótica e coloca-se na linha da frente da investigação oceânica na Europa

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A Madeira está a recorrer à robótica para investigar o mar e a dinâmica oceânica da Região. Jesus Reis, oceanógrafo físico e investigador do Observatório Oceânico da Madeira, revelou no programa “Madeira Novos Talentos + Futuro” que o investimento que está a ser feito pela  ARDITI - Agência...

XII Legislatura, IV Sessão Legislativa PresidentePresidente
Madeira aposta na robótica e coloca-se na linha da frente da investigação oceânica na Europa
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A Madeira está a recorrer à robótica para investigar o mar e a dinâmica oceânica da Região.

Jesus Reis, oceanógrafo físico e investigador do Observatório Oceânico da Madeira, revelou no programa “Madeira Novos Talentos + Futuro” que o investimento que está a ser feito pela  ARDITI - Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação, coloca a Região entre os melhores centros de investigação da Europa.

“Neste momento o Observatório está ao nível das Universidades nacionais. Passámos de um nível regional para um nível europeu. Temos robôs de última geração e isto coloca a Madeira, a nível internacional, num patamar elevado”, disse o cientista na entrevista conduzida pelo Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues.

Esta aposta na robótica ao nível da monitorização de fundos (do mar) e das correntes oceânicas reduz os custos com as expedições, reforça a capacidade de tempo de investigação e contribui para o aumento das condições de segurança dos investigadores.

“O Observatório começou com muito poucos instrumentos, mas com esta aposta na robótica, agora se calhar temos mais equipamentos que as universidades nacionais. Neste momento só o IH (Instituto Hidrográfico) e o IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) são as únicas instituições com melhores equipamentos e mais recursos humanos”, frisou. “Passámos de um nível regional para um nível europeu”.

Jesus Reis adiantou ainda que “a ARDITI imprime e cria drones para República Central Africana, para monitorização da guerra, e para monitorizar as correntes de superfície”, através da recolha de imagens.

O oceanógrafo físico confirma o aumento da temperatura da água do mar no arquipélago madeirense. “Estamos perto de uma fronteira subtropical e as águas mais quentes do equador estão a subir um pouco mais”, Justificou.

Sobre a erosão da costa, em particular na praia do Porto Santo, o cientista começou por vincar que a Universidade de Aveiro, onde também estudou, tem “desenvolvido muita investigação no transporte de sedimentos, vincando que qualquer obra que se faça no Porto Santo vai interferir com a circulação de areia”. “Não podemos dizer que a culpa é do porto ou de outra obra marítima se não tivermos estudos de comparação”, refere Jesus Reis para justificar a importância dos estudos marítimos. “Agora, no Observatório, temos condições para monitorizar e dar foco a estas situações”, afirmou.

O investigador salienta que a dinâmica costeira na Madeira não é simples, porque a Madeira é uma ilha alta, o que influencia os ventos e o aumento da temperatura da água do mar.

“A Madeira é uma ilha alta, os ventos Alísios são forçados a passar pelos flancos. Calheta e Funchal são normalmente zonas sem nuvens e isso provoca um maior aquecimento do mar”, aclarou.

Jesus Reis considera que o arquipélago “é um laboratório especial para investigar as mudanças climáticas. No nosso caso, a influencia das alterações climáticas é mais sentida ao nível dos ventos, o que se constata no aeroporto da Madeira. O Observatório Oceânico da Madeira também estuda a atmosfera para poder entender o que se passa no mar”.

Sobre a aquacultura, o cientista destaca a importância de estudos de impacto ambiental até para poder acompanhar e decidir no futuro. “A Aquacultura é essencial para o futuro, porque consumimos muito peixe. Não temos peixe suficiente para alimentar 8 mil milhões de pessoas.

A nível económico, é importante a Madeira não estar só focada no turismo. É muito importante monitorizar o que se passa. Se não conhecemos os que está a acontecer não podemos saber o que vai acontecer a seguir”, avisou.

A terminar a entrevista, do programa do JM realizado em parceria com a Assembleia Legislativa da Madeira, o oceanógrafo físico apelou a cuidados redobrados com o lixo. “A poluição e as alterações climáticas estão relacionadas com o comportamento humano. Ainda vamos a tempo de diminuir os impactos”, vincou lembrando que “90% do oxigénio do planeta é criado no mar, que é o verdadeiro pulmão da terra”, a par das florestas.

Jesus Reis formou-se em Meteorologia, Oceanografia e Geofísica pela Universidade de Aveiro, tendo, posteriormente, na mesma instituição de ensino superior, feito o mestrado em Meteorologia e Oceanografia Física. Atualmente divide-se entre a profissão e o terceiro ano do doutoramento em oceanografia física, que é co -ministrado pro duas faculdades, a Universidade de Cádiz e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Madeira Novos Talentos + Futuro com Jesus Reis (vídeo)
Madeira Novos Talentos + Futuro com Jesus Reis (áudio)

 

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