Alunos do ensino secundário apresentam propostas legislativas na área da saúde mental

Cerca de 70 estudantes do ensino secundário, de 14 escolas da Madeira estão, hoje, a apresentar propostas relacionadas com a temática do Parlamento dos Jovens: “Saúde Mental dos Jovens: Que desafios? Que respostas?”.

A iniciativa é promovida pela Secretaria Regional da Educação, Ciência e Tecnologia, através da Direção Regional de Juventude, em parceria com a Assembleia da República e a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira.

Após a aprovação das medidas é elaborado um documento único que representará a delegação da Madeira, na Sessão Nacional, que terá lugar a 29 e 30 de maio, na Assembleia da República.

Presidente do Parlamento madeirense preocupado com os números da doença mental

O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues, presidiu à sessão de abertura do projeto Parlamento dos Jovens, que tem o objetivo de proporcionar aos alunos, do ensino secundário, a vivência de uma sessão parlamentar.

José Manuel Rodrigues começou por referir que “as nossas sociedades despertaram para os problemas da saúde mental e para as consequências das doenças psíquicas nos cidadãos e na comunidade. Até há pouco tempo, as pessoas cometidas por alguma doença do foro psíquico eram, frequentemente, alvo de estigmas e de preconceitos, sendo ignoradas e votadas ao esquecimento. Felizmente, esta realidade mudou e hoje são os jovens que trazem até aos órgãos legislativos a discussão da saúde mental na juventude”.

O Presidente do Parlamento madeirense salientou, ainda, que “o ensino à distância, a ausência de socialização, a dependência dos jogos eletrónicos e a maior propensão para o isolamento levantaram enormes problemas entre os jovens, que conduziram a perturbações na normalidade das suas vidas, que por sua vez tiveram como consequência o aparecimento de doenças mentais na faixa etária mais nova.

Um estudo divulgado ontem pela Universidade de Évora conclui que um quinto dos estudantes do ensino superior sofre de algum tipo de doença mental e que 4 em cada 1 foram diagnosticados após a pandemia.”

“Se somarmos a isto a propensão que já existia para uma competitividade, por vezes pouco salutar, na sala de aula e no meio académico, numa imitação pouco razoável do sistema económico, temos um quadro, mais ou menos claro, dos problemas relacionados com a saúde mental dos jovens”, afirmou.

“Para não falar dos distúrbios, alguns graves, que estão associados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas ou de drogas sintéticas, altamente nocivas para a saúde e que atingem alguns jovens e não só”, concluiu.

Miguel Iglésias apela ao sentido cívico dos jovens

O deputado do PS na Assembleia da República Miguel Iglésias sublinhou a premência da temática que foi abordada e escolhida pelos alunos para esta sessão parlamentar dos jovens, tendo em conta a expressiva prevalência das doenças mentais na nossa sociedade, incluindo entre as faixas etárias mais novas. O Parlamentar afirmou que “esta é uma problemática que tem vindo a ganhar cada vez mais expressão, particularmente desde o período de pandemia, que em muitos casos, levou a privações e obrigou a mudança de hábitos.

Miguel Iglésias considerou fundamental o debate sobre estas matérias, despertando o espírito crítico e o sentido cívico dos jovens, envolvendo-os na identificação dos problemas e na busca das respetivas soluções.

Secretário de Educação, Ciência e Tecnologia destaca papel das escolas na prevenção da doença mental

 O Secretário Regional de Educação, Ciências e Tecnologias iniciou a intervenção parlamentar afirmando, perante os jovens presentes, que “esta área precisa de ser convenientemente estruturada e produtora de resultados consistentes no plano individual e grupal. O principal objetivo dos alunos aqui presentes é a construção de ferramentas próprias capazes de proporcionar uma atitude positiva perante as exigências do meio em que se integram.   Ser capaz de enquadrar, compreender os riscos associados a determinados tipos de comportamento e determinadas opções depende da responsabilidade individual.”

Jorge Carvalho afirmou que a Região tem reforçado o corpo técnico da educação com intervenção nesta área merecendo destaque, o reforço de profissionais da psicologia nas escolas.

O governante salientou ainda que a tutela “tem procurado criar ambientes escolares salutares que promovam estilos de vida saudáveis, prevenindo comportamentos de risco e incentivando atitudes saudáveis, com vista ao sucesso do aluno.”

A prevenção, já a partir das escolas, é muito importante, reforçou o responsável, frisando ainda que é preciso combater estigmas existentes relativamente à saúde mental, que se agrava com o envelhecimento. Disse esperar que os contributos dos jovens deputados ajudem a melhorar a saúde mental da Região.