O ex-secretário regional Sérgio Marques esclareceu, hoje, no Parlamento madeirense, as declarações dadas ao Diário de Notícias de Lisboa e que ditaram a constituição de uma comissão de inquérito, a pedido do PS.
Sérgio Marques explicou que o termo “obras inventadas” foi utilizado de forma meramente “metafórica” e que, na verdade, se referia a obras que não eram consideradas, por si, obras prioritárias e que “nada tem contra os grupos económicos”, aclarou.
A audição desta tarde foi requerida pelo PCP, através do direito de agendamento potestativo.
O ex-secretário Regional afiançou que não sentiu qualquer pressão do presidente do Governo Regional, de qualquer membro do Governo ou de empresários, nomeadamente de Luís Miguel de Sousa e Avelino Farinha, para mudar o rumo das políticas que tinha definido como prioritárias.
O ex-deputado da Assembleia da República mencionou, ainda, a sua saída em 2017 do Governo Regional. Sérgio Marques afirmou que “o Presidente do Governo Regional anunciou uma mudança na orgânica do executivo e que iria criar uma vice-presidência que seria entregue a Pedro Calado. Eu, por uma questão de dignidade pessoal, pus o meu lugar à disposição no Governo e saí”, relatou, recordando que regressou ao lugar de deputado na Assembleia Legislativa da Madeira, para o qual tinha sido eleito.
Referiu que as prioridades que tinha para o programa de governo não interessavam ao empresário Avelino Farinha, mas que não discriminou qualquer empresa.
Assumiu que os portos do Funchal vivem uma “situação anómala” de “monopólio”. “Se calhar o grupo que gere o porto atingiu um nível de poder excessivo”, disse.
“Se não há concorrência, temos de encontrar formas de assegurar o serviço que nos garanta preços são os mais baratos”.
Sérgio Marques afirmou que o ferry entre o continente e a Madeira funcionou bem, lamentando que não tinha sido feito “tudo o que necessitávamos para assegurar essa linha, de grande importância para a Região”.
Apontou, ainda, a falta de retorno económico de algumas obras realizadas.
Sérgio Marques começou por enquadrar a entrevista dada ao Diário de Notícias de Lisboa dizendo que a mesma não teve qualquer propósito ou estratégia. “Foram ditas de forma acidental”, vincou, adiantando que a demissão do cargo de deputado na Assembleia da República foi tomada após sentir que perdeu a confiança do presidente do PSD Madeira, Miguel Albuquerque. “Tudo o que eu disse ao Diário de Notícias de Lisboa corresponde ao meu pensamento e não retiro nada dessas declarações”.
Audição Sérgio Marques 20MAR2023 (áudio)