José Manuel Rodrigues, esteve presente nas Comemorações do 522ª aniversário do Município da Ponta do Sol, que iniciou a sua intervenção assegurando que “Se o poder local foi uma das maiores conquistas do 25 de Abril, a criação das Regiões Autónomas foi um dos maiores florões da nossa democracia. É por isso que não se percebe o desrespeito a que as suas instituições maiores têm estado sujeitas nos últimos anos. Apesar da Constituição consagrar amplos poderes aos órgãos de Governo próprio da Madeira e dos Açores, as interpretações restritivas do Tribunal Constitucional sobre essas competências e a prática de outros órgãos de soberania têm vindo a coartar os nossos poderes e os nossos direitos.”
O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira proferiu que “Chegámos ao cúmulo de nos negarem o direito de pronúncia sobre a feitura de leis nacionais com aplicação na Madeira e nos Açores, pese embora essas leis serem postas em prática e pagas pelos governos regionais e pelos serviços das administrações públicas regionais. E como se viu na lei da eutanásia, e agora na lei da droga, é o Tribunal Constitucional que vem sancionar esta posição atentatória da Autonomia, dizendo que não devemos ser ouvidos aquando da feitura das leis nacionais; isto depois de o próprio Senhor Presidente da República ter suscitado a inconstitucionalidade dessa lei, entendendo que deveríamos ser consultados na sua elaboração”
“Como compreender que a Assembleia da República oiça, e bem, os parceiros sociais, as ordens profissionais, os organismos de classe, as mais variadas organizações da sociedade nos processos legislativos e não consulte as Regiões Autónomas nas leis nacionais com incidência nos arquipélagos da Madeira e dos Açores? Isto é, fazem leis, não nos ouvem e obrigam-nos a aplicá-las e a custeá-las no nosso território. Está na hora de dizer basta a este centralismo, que todos os dias asfixia as autonomias e a atuação dos seus órgãos de Governo próprio. É preciso lembrar a Lisboa que o centralismo é irmão gémeo do separatismo e que isso atenta contra a unidade nacional.” Reiterou.
José Manuel Rodrigues, findou a sua intervenção asseverando “Lutemos, sem tréguas, por uma revisão da Constituição, que clarifique e amplie os nosso poderes e competências e garanta os direitos dos portugueses das ilhas na Lei Fundamental. Precisamos de um acordo à volta do aprofundamento da Autonomia, de um pacto autonómico para vencer o centralismo galopante que encontramos em certas instituições do Estado. A não ser assim, o centralismo vai continuar a medrar e qualquer dia aquela que é uma das conquistas irreversíveis da nossa democracia será posta em causa.”
Ponta do Sol, José Manuel Rodrigues- 08.09.2023 (áudio)