José Manuel Rodrigues foi um dos 40 líderes políticos de vários países a receber a Declaração do Encontro Internacional pela Paz, promovido pela comunidade de Santo Egídio, uma iniciativa que contou com um forte incentivo do Papa Francisco, que inclusive exortou políticos e diplomatas de todo o mundo a "atravessarem o muro do impossível", numa clara alusão à queda do Muro de Berlim, há 34 anos. Num momento imbuído de uma forte carga simbólica, o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira e os demais líderes políticos que assistiram à cerimónia de encerramento receberam das mãos de crianças refugiadas um "pergaminho" contendo uma mensagem de apelo à paz que referia “Com a guerra, o que é mais humano em nós fica desfigurado. Hoje, a guerra ameaça tornar-se eterna, aumentando as consequências, e afetando imensamente as pessoas. O uso de armas mortíferas que matam um grande número de pessoas é terrível, cultivando o luto e causando consequências severas.
Estamos cientes que ou acabamos as guerras ou as guerras destruirão a humanidade. O mundo é a nossa casa, foi-nos oferecido e temos o dever de o deixar para as gerações futuras. Vamos libertar-nos do pesadelo nuclear! Respirar numa vida na política de desarmamento, acabemos imediatamente com o barulho das armas. Tomemos o primeiro passo juntos através do diálogo, que é o remédio mais efetivo para a reconciliação de pessoas. A paz é sempre possível!"
Ao longo dos últimos três dias, na capital alemã, líderes religiosos de todas as religiões reuniram-se para esbater diferenças e divisões e procurar caminhos para o fim dos muitos conflitos que assolam vários continentes, em particular a atual guerra na Ucrânia. "Memorável e emocionante" foi como José Manuel Rodrigues classificou este Encontro, em que se destacou como o único político português participante e a usar da palavra, tendo proferido um discurso que versava sobre as democracias e a paz e a necessidade urgente de fortalecer os estados de direito. A intervenção foi, de resto, muito bem acolhida pela audiência e palestrantes.
Para José Manuel Rodrigues foi memorável testemunhar a queda de muitos muros que existiu entre as religiões, no Portão de Brandemburgo e ver que todas elas assinaram uma declaração da paz, lembrando os diversos conflitos nomeadamente na Ucrânia, em África e no médio Oriente. “Foi memorável ver os líderes religiosos abdicarem de algumas posições em nome da humanidade. E foi essa declaração de Berlim de 2023, que os líderes religiosos entregaram um conjunto de crianças que por sua vez também entregaram essa declaração a quarenta líderes políticos de vários países, onde eu me incluía, numa cerimónia emocionante, recebi das mãos de uma criança refugiada, essa mesma declaração pela paz no mundo.”
O Presidente do parlamento regional referiu ainda que “Essa mesma declaração lembra que hoje a nossa responsabilidade é maior, que não basta a prudência, está na hora da ousadia, que nenhuma guerra é para sempre, que a paz não significa nos rendermos à injustiça. Significa controlar os mecanismos de conflito que correm sempre da mesma forma e que já ninguém consegue controlar. Este apelo à paz da declaração de Berlim, é um momento muito importante, em que as religiões dão um passo em frente no sentido de pacificar os conflitos. Julgo que os políticos, os diplomatas, os homens da cultura e os governantes, têm que estar à altura do desafio que lhes é posto nesta declaração de Berlim e que lhes é colocado também pelo Papa Francisco.”
Na cerimónia de encerramento, realizada junto da Porta de Brandemburgo, o Presidente do Parlamento madeirense foi convidado pelo líder da Comunidade de Santo Egídio, Marco Impagliazzo, para estar presente no próximo Encontro Internacional pela Paz, que terá lugar em Paris, França, em setembro de 2024.
Balanço do Encontro Ousadia da Paz, José Manuel Rodrigues- 13.09.2023 (áudio)