António Saraiva defende reformas no país e Estado social forte capaz de promover a igualdade de oportunidades

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Sob a temática “Crescimento Económico VS Justiça Social”, António Saraiva começou por sublinhar que “ferramentas como literacia financeira, formação profissional, os acessos à educação, à habitação, à saúde são essenciais para uma sociedade mais justa e inclusiva”, e são, por isso, a “peça-chave...

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António Saraiva defende reformas no país e Estado social forte capaz de promover a igualdade de oportunidades
O Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa defendeu, esta tarde, na conferência realizada no Parlamento madeirense, que o “crescimento económico e a justiça social devem incentivar-se mutuamente” e que “é possível compatibilizar crescimento e sustentabilidade económica, ambiental e social”.
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Sob a temática “Crescimento Económico VS Justiça Social”, António Saraiva começou por sublinhar que “ferramentas como literacia financeira, formação profissional, os acessos à educação, à habitação, à saúde são essenciais para uma sociedade mais justa e inclusiva”, e são, por isso, a “peça-chave para que haja justiça social e crescimento”.

“Precisamos, para tal, de um Estado social forte. Um Estado com capacidade para investir em políticas e programas que promovam a igualdade de oportunidades, garantam o acesso a serviços públicos de qualidade, fortaleçam a educação e a proteção social”.

O ex-presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal entende que “o desenvolvimento social e o combate à pobreza são dois pilares essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. É impossível alcançar um crescimento verdadeiramente sustentável sem investir no bem-estar e na inclusão de todos os membros da sociedade, especialmente aqueles que vivem em situações de vulnerabilidade”.

“O Estado social de que precisamos terá necessariamente de ser sustentado pelo aumento da criação de riqueza, que só pode ser proporcionado por empresas competitivas, num ambiente de negócios propício à sua atividade”, reforçou.

“Depois de duas décadas em que alternámos crises e crescimento anémico, não nos podemos resignar a um crescimento que, de acordo com as últimas projeções do FMI, tenderá para uma taxa inferior a 2%”, afirmou o empresário e especialista em economia.

“A produtividade das empresas passa, nomeadamente, pelo capital humano, que é o seu principal ativo, e pelo investimento, indispensável à incorporação de inovação tecnológica nos produtos e nos processos”. No entanto António Saraiva salientou que “apesar dos progressos alcançados nas últimas décadas, Portugal é, ainda, o país da União Europeia com a mais alta percentagem da população empregada com baixas habilitações. O défice de qualificações está longe de ser ultrapassado e não nos podemos limitar a esperar pelas novas gerações. A falta de profissionais com competências adequadas às necessidades das empresas é um problema real que corre o risco de se tornar dramático”, alertou.

“Por outro lado, o desafio da transformação digital e tecnológica impõe a necessidade de um exigente processo de reconversão da força de trabalho e da sua permanente adequação às necessidades das empresas. Se não for feito, muitos ‘ficarão para trás’”, alertando, assim, para a necessidade de “incentivar a requalificação ao longo da vida e incutir nos trabalhadores e empregadores uma mentalidade de formação contínua, por forma a que todos acompanhem a evolução do mercado de trabalho”.

O consultor estratégico e especialista em Corporate Diplomacy e Associativismo aponta fragilidades ao sistema bancário, que “continua a demonstrar falhas na canalização de recursos financeiros para o setor produtivo. Esta situação é particularmente preocupante porque uma das fragilidades estruturais do nosso tecido empresarial é a excessiva dependência de crédito bancário, sobretudo de curto prazo, num quadro de estruturas financeiras pouco sólidas, devido a elevados níveis de endividamento.

É assim crucial promover um esforço dirigido ao fortalecimento das estruturas financeiras e à recapitalização das empresas economicamente viáveis”, advogou.

 

Portugal precisa de reformas para aumentar a competitividade

António Saraiva defende reformas profundas “que atuem do lado da oferta da economia, combatendo os obstáculos a uma produção eficiente e ajudando, assim, a aumentar a produtividade, o investimento e o emprego”.

O gestor de empresas identificou três destes obstáculos que os sucessivos governos não têm conseguido resolver: uma fiscalidade opressiva e instável, uma administração pública com burocracia injustificada, e uma justiça lenta.

“A reforma da justiça é consensualmente tida como uma das mais importantes de que Portugal carece. A reforma da justiça deverá ter como foco os cidadãos e a necessidade de restaurar a sua confiança nas instituições e no próprio regime democrático, mas não poderá deixar de incidir na justiça económica, na medida em que condiciona o regular funcionamento das empresas e as decisões de investimento”, afirmou.

O Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa destacou, também, que “o combate à pobreza é um elemento central do desenvolvimento social. A pobreza não se resume apenas à falta de rendimentos, está também associada a privações em várias áreas, como a educação, a saúde, a habitação e o acesso a oportunidades. É uma condição que gera exclusão social e limita o potencial de desenvolvimento individual e coletivo.

Uma outra dimensão de justiça social tem a ver com a promoção da igualdade de género. Políticas que promovam a igualdade de oportunidades para mulheres e homens, como a igualdade salarial e a promoção da participação feminina em cargos de liderança, podem contribuir para uma maior justiça social e um crescimento económico sustentável”.

António Saraiva defende, igualmente, “que as empresas e o governo devem agir de forma ética nas suas relações com funcionários, clientes, fornecedores e comunidades locais.

Isso inclui a promoção de condições de trabalho justas, remuneração adequada, combate à corrupção e o envolvimento comunitário”.

O Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa pediu, ainda, uma “correta política de emigração” e uma aposta na “sustentabilidade ambiental” como forma de incentivar o crescimento económico.

“O crescimento descontrolado pode levar a danos ambientais irreparáveis, como a degradação de ecossistemas, a diminuição dos recursos naturais e a emissão de gases de efeito estufa”, avisou o economista.

“Portanto, é fundamental adotar políticas e práticas que promovam um desenvolvimento sustentável, incentivando a eficiência energética, a conservação dos recursos naturais e a redução da pegada de carbono”, concluiu.

 

Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira avisa que a criação da riqueza tem de chegar a todos

José Manuel Rodrigues presidiu à conferência “Crescimento Económico VS Justiça Social”, proferida pelo presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, António Saraiva. Na sessão de abertura afirmou ser “insustentável que a criação da riqueza de um país não chegue a todos os seus cidadãos”.

“É inadmissível vermos todos os dias o anúncio de recordes nas taxas de crescimento de todos os setores da Economia e depois constatarmos que isso não se reflete nos salários e rendimentos de quem trabalha”, lamentou o Presidente do Parlamento madeirense.

“Somos dos países mais desiguais da Europa e esta situação tem tendência a agravar-se se continuarmos a ter milhares de pessoas a trabalhar o mês inteiro para, ao fim desse mês, o que ganham não ser suficiente para pagar as suas despesas essenciais e serem considerados pobres. Desculpem, mas enquanto cidadãos com sensibilidade e responsabilidade social, não podemos aceitar esta realidade”, vincou.

O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira mostrou-se, também, preocupado com o facto de Portugal não conseguir “reter os seus mais jovens, que procuram noutras paragens melhores salários enquanto o país importa ativos, num movimento paradoxal”; e, também, com a realidade do país não “fixar os mais talentosos, que aqui não encontram nem oportunidades nem rendimentos condizentes com as suas qualificações.

O elevador social que fez tantos de nós chegar onde chegámos não está a funcionar, e isso é fonte de injustiças e de desperdícios na capacidade produtiva do país”, alertou.

Aclarou que Portugal precisa de “mais produtividade para ter empresas mais competitivas”, mas afirmou que “é possível fazer mais pela coesão social, mesmo nas atuais circunstâncias”.

Conferência de António Saraiva 22JAN2024 (áudio)
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