O Museu Nacional Soares do Reis, no Porto, inaugurou, ontem, a exposição temporária “Teresa Gonçalves Lobo e Domingos Sequeira: um diálogo no tempo”, que integra uma obra da artista plástica madeirense, a primeira a ser adquirida pela Assembleia Legislativa da Madeira, para encetar a sua coleção de arte contemporânea, na sequência da exposição de Teresa Gonçalves Lobo, intitulada “Da Raiz ao Núcleo”, que ali esteve patente, de março a setembro de 2022, e que levou ao parlamento regional mais de duas mil pessoas.
José Manuel Rodrigues marcou presença na cerimónia de abertura, tendo enaltecido o trabalho de Teresa Gonçalves Lobo. “É uma artista madeirense que muito prezamos. Foi a primeira a cumprir o desígnio de abrir ao máximo o Parlamento aos cidadãos, aproximando os eleitores dos seus eleitos, e fazendo do Parlamento regional um polo cultural”, frisou.
“A exposição foi um sucesso e é uma enorme alegria trazer uma das obras adquiridas pela Assembleia Legislativa, para aqui, também, poder estar em diálogo com os trabalhos de Domingos Sequeira, que há 200 anos marcou uma época da história da cultura e do desenho em Portugal, e que foi muito apoiado pelo Conde do Funchal, então embaixador de Portugal em Roma. Há estas conexões históricas que, hoje, revelam a atualidade”, salientou.
Na ocasião, o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira deixou o convite ao diretor do Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, para a realização de uma parceria com o Parlamento madeirense “para troca de obras de arte”, de modo a que o “museu possa abrir portas para além da cidade do Porto e chegar ao território insular que também é Portugal no Atlântico”, desafiou.
Recorde-se que José Manuel Rodrigues assina um dos textos do catálogo da exposição “Da Raiz ao Núcleo”. Outro dos textos do catálogo é assinado pelo crítico de arte Bernardo Pinto de Almeida, responsável pela curadoria da mostra que abriu, esta quinta-feira, portas ao público no Museu Nacional Soares dos Reis.
A exposição de desenhos de Teresa Gonçalves Lobo, patente no Porto, integra os desenhos de Teresa Gonçalves Lobo num diálogo com obras de Domingos Sequeira, o grande artista português da transição do século XVIII para XIX.”
De acordo com o curador, “a sugestão da escolha de Sequeira para abrir um diálogo com as obras de Teresa Gonçalves Lobo foi o ter encontrado nas obras de ambos um mesmo sentido da invenção plástica e metamórfica do desenho que, claramente experimentado no seu plano expressivo, acentua a possibilidade de se espraiar sobre as superfícies, fazendo vibrar a coreografia de inúmeras linhas como modo de sugerir a presença de formas que, ainda que irreconhecíveis numa modalidade figurativa, não deixam de funcionar como formas de uma figuração.”
Teresa Gonçalves Lobo (Funchal, 1968) desenvolve o desenho como campo expressivo. Está representada em diversas coleções, privadas e institucionais, em Portugal e no estrangeiro.
Já Domingos Sequeira (Lisboa, 1768 – Roma, 1837) é considerado por alguns o mais talentoso e original pintor português do seu tempo, tendo desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da arte portuguesa de início do século XIX.
No diálogo sustentado por esta exposição percebem-se as semelhanças no desenho e no modo do riscar, apesar da longa distância no tempo que separa os dois artistas.
José Manuel Rodrigues 25JAN2024 (áudio)