O Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira defendeu, esta manhã, a aposta de uma “política de imigração regulada, que equilibre as necessidades da população local com as de quem procura um novo lar”. José Manuel Rodrigues considera que só “com um sistema bem estruturado” pode “assegurar um acolhimento digno de respeito pelos direitos humanos” e fomentar “uma integração que beneficie tanto os migrantes como a sociedade madeirense”, do ponto de vista económico e cultural.
As declarações foram proferidas na sessão de abertura do I Fórum Regional sobre Mobilidade Global, Integração e Diversidade Cultural, uma organização do Núcleo Regional da Madeira da EAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza, inserida na Semana da Interculturalidade.
Perante uma plateia de especialistas, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa da Madeira, José Manuel Rodrigues vincou que “os imigrantes são, hoje, imprescindíveis ao funcionamento económico de Portugal e da Madeira”, e que perante o envelhecimento da população “a sua ação e trabalho, vão ser absolutamente decisivos para a sociedade madeirense, contribuindo para mitigar o inverno demográfico e fortalecer o mercado de trabalho”.
“É nosso dever garantir que esta seja uma força para o bem comum, para a solidariedade e para a criação de sociedades mais justas e inclusivas, onde todos aqueles que nos procuram na expetativa de aqui encontrarem o seu porto seguro possam, de facto, encontrar as condições necessárias para contribuírem para o todo social enquanto cidadãos com direitos e deveres exatamente iguais aos de qualquer outro cidadão. Nem mais nem menos”, concluiu.
Licínia Freitas, do Núcleo da Madeira da EAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza explicou que o Fórum tem por objetivo “promover o diálogo intercultural, celebrar a riqueza da diversidade, sensibilizar para a necessidade de respeito e valorização de todas as identidades culturais, fomentar a inclusão social e dar visibilidade à pluralidade de expressões culturais, que caracterizam a nossa bela Região”.
Em debate, neste encontro, vão estar temas como “a integração dos migrantes na comunidade”, “a riqueza da diversidade e a contribuição da cultura cigana” e “a contribuição dos migrantes para a sociedade”.
A Semana da interculturalidade está a percorrer todo o país, com uma reflexão sobre as boas práticas da inclusão. A EAPN e mais 500 parceiros estão a desenvolver mais de 300 atividades a nível nacional que pretendem combater os vários tipos de discriminação.
A Coordenadora Geral da EAPN Portugal, Maria José Vicente, destacou a importância do debate numa altura em que crescem as guerras e os discursos extremistas. “A guerra e a crise económica são uma ameaça à liberdade e à democracia, são uma ameaça à luta contra a pobreza e exclusão social, e são igualmente uma ameaça ao diálogo intercultural e o respeito pelo outro”, vincou Maria José Vicente. “É imperativo continuarmos a lutar por uma cidade mais justa, mais equitativa e verdadeiramente solidária”, rematou, reforçando a necessidade de defender com mais vigor os direitos humanos.
“Uma abordagem aos direitos humanos implica o reconhecimento e a defesa de alguns aspetos que visem as transformações sociais, económicas e políticas que afetam tanto os migrantes que vivem em Portugal, enquanto país de acolhimento, mas também outras pessoas que são portuguesas e que fazem parte da nossa sociedade”.
Para Maria José Vicente destacou a participação de todos os cidadãos como forma de inclusão. “Incentivar a participação destes cidadãos na elaboração, monitorização e avaliação de políticas públicas é crucial para garantir que essas políticas atendem às verdadeiras necessidades destas pessoas”, afirmou.
I Fórum Regional Mobilidade Global, Integração e Diversidade Cultural (áudio completo)- Parte da manhã